Planilhas, documentos, folhas de pagamentos, prazos apertados, cobranças dos contratantes e tensão ante a constante possibilidade de ter as informações prestadas confrontadas pela Receita Federal.
Por trás de tudo isso está o contador, profissional que ocupa as primeiras colocações nos rankings dos segmentos com maior nível de estresse.
Tido como um dos males da pós-modernidade, o estresse pode assolar o trabalhador de qualquer área, mas, inegavelmente, aqueles que lidam diretamente com as contas de uma pessoa física ou jurídica e são responsáveis pelos balanços, fechamentos e relatórios tornam-se os mais atingidos.
Tudo isso combinado com o aumento das obrigações e a obrigatoriedade de adaptação às novas exigências fiscais e ferramentas tecnológicas agrava ainda mais esse “gatilho” para o aparecimento de outras doenças.
Veja a seguir as cinco doenças mentais que mais atingem os profissionais de contabilidade.
Com cerca de 12 milhões de brasileiros diagnosticados com depressão, não é de se admirar que uma parcela considerável dos profissionais que sofrem com doenças mentais relacionadas ao trabalho precisem lidar com o transtorno.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país da América Latina com os maiores índices de depressão na população. Cerca de 10% da população têm a doença.
Além disso, os transtornos mentais já estão entre os principais motivadores do afastamento do trabalho, com a depressão sendo uma das líderes neste quesito. Nos profissionais contábeis não é inegável o impacto do excesso de tarefas, da cobrança exagerada dos superiores, cumprir prazos e metas e do assédio moral como causadores da depressão no trabalho.
Além da depressão, a quantidade exagerada de demandas para equipes cada vez mais enxutas provoca o chamado estresse ocupacional, mais uma doença mental relacionada à contabilidade. A sua incidência é infinitamente maior do que a depressão nas empresas.
A ideia de que a tecnologia tornaria a vida profissional mais simples, fácil e ágil e, assim, deixaria as pessoas mais tranquilas para executarem suas tarefas não se provou totalmente verdadeira. Embora os índices de produtividade tenham aumentado nos últimos anos, o acesso às ferramentas de trabalho em qualquer hora e lugar também vêm impactando a vida pessoal e a saúde mental dos profissionais contábeis.
Ter celulares, notebooks e tablets disponíveis mesmo em momentos de lazer também tornou mais fácil ser encontrado por chefes, clientes e colegas. A consequência disso é uma maior ansiedade e senso de urgência em resolver pendências, mesmo em horários que deveriam ser de folga e relaxamento.
Outra doença decorrente do excesso de trabalho e das cobranças em excesso é a Síndrome de Burnout. Quando os níveis de estresse ocupacional se tornam muito grandes, os contadores ficam exaustos mentalmente e fisicamente.
Assim surge o Burnout, que é justamente essa sensação de estar completamente exaurido e incapacitado para realizar qualquer atividade profissional, já que o estresse se torna crônico.
Ambientes altamente competitivos associados a excessos no dia a dia de trabalho e a colaboradores ansiosos são sinais de que a Síndrome de Burnout pode se tornar uma realidade na vida de qualquer pessoa. Estima-se que essa doença mental já atinge 20 milhões de trabalhadores no Brasil, ou um em cada cinco profissionais. Os contábeis estão entre os mais acometidos.
A ansiedade geralmente está associada à depressão e, como qualquer doença mental, precisa ser investigada de forma individual. Há uma série de razões pelas quais uma pessoa pode passar a ter um Transtorno de Ansiedade, porém não se pode negar o impacto que um ambiente de trabalho tóxico possa ter para que a condição se manifeste.
No total, 9,3% da população brasileira sofre de ansiedade, um problema bem mais impactante entre as mulheres: 7,7% delas são ansiosas, ante a 3,6% dos homens. Quando se fala em ansiedade para os profissionais contábeis, as causas podem ser prazos curtos, metas inatingíveis e a necessidade constante de demonstrar resultados.
Um nível acima da ansiedade, a Síndrome do Pânico provoca crises agudas e inesperadas. Elas se misturam sentimentos de desespero e medo e pode se associar a sintomas físicos, como falta de ar e dor no peito. Muitas vezes, confunde-se com um ataque cardíaco.
Embora tenha fatores genéticos envolvidos, o pânico também pode surgir em função de situações de trabalho que se repetem. Podem acumular situações de ansiedade e estresse ocupacional constantes.
O aumento de jornadas exaustivas, imposição de metas abusivas, falta de reconhecimento e autonomia no ambiente de trabalho são algumas das possíveis causas de tantos casos de Síndrome de Pânico entre os profissionais contábeis.
Para contribuir na tarefa de proporcionar mais saúde e segurança para os funcionários, as empresas podem utilizar estratégias que diminuam o estresse e a pressão.
Geralmente programas que melhorem a qualidade de vida no ambiente de trabalho ajudam, bem como, a melhora do espaço físico e emocional. O reconhecimento dos profissionais, bem como campanhas motivacionais são excelentes atitudes a se tomar.
É papel de toda empresa cuidar da saúde mental de seus funcionários, proporcionando informações, cultura, lazer, dentre outros.